fonte: O Globo
A mais nova construção da Rua Figueiredo Magalhães tem um piano no hall e uma grande obra do artista plástico japonês Yutaka Toyota numa das paredes. Perto dos sofás, livros de arte são oferecidos como distração, num ambiente que conta com uma fragrância exclusiva, de notas amadeiradas e cítricas. Passando pelo balcão da recepção, há um restaurante com cardápio elaborado pelo chef francês Roland Villard, uma estrela no Guia Michelin, e com cozinha tocada pelo suíço Steve Moreillon. Logo na entrada, o CopaStar lembra em tudo um hotel de luxo em Copacabana. Só que o empreendimento é um hospital privado, que será inaugurado amanhã com o conceito cinco estrelas.
O CopaStar abre suas portas de vidro para uma clientela “classe AA”, como define o cardiologista carioca Jorge Moll, fundador e presidente do Conselho da Rede D’Or São Luiz. Foram investidos mais de R$ 400 milhões no mais novo empreendimento do grupo, que tem como objetivo atrair pacientes que pegavam a ponte aérea em busca de atendimento de alta complexidade em São Paulo — especialmente nos hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês. Especializada em cardiologia e neurologia, a unidade terá como foco a parte cirúrgica.
Há nove salas de cirurgia no CopaStar, sendo três de ponta, chamadas de híbridas: elas possuem aparelhos de ressonância e hemodinâmica, entre outros, que permitem a realização de exames enquanto o paciente é operado. O equipamento de ressonância — assim como o microscópio instalado na sala de cirurgias neurológicas montada sob a orientação de Paulo Niemeyer, responsável pelo setor — custou mais de US$ 1 milhão.
Na unidade, nenhum paciente verá aquele vaivém de macas e carrinhos com roupas de cama: esse fluxo será feito em uma área anexa, com três elevadores. Para o conforto de todos, há tecnologia nos mínimos detalhes. As camas têm colchões que inflam para moldar as posições do paciente, que poderá controlar toda a automação do quarto por um tablet.
— Desenvolvemos um aplicativo para o hospital. Por um iPad, localizado na cabeceira da cama, o paciente pode controlar luzes, cortinas, chamar a enfermeira por vídeo, conversar com o médico. E o médico pode usar o tablet para mostrar ao paciente sua radiologia — destaca Jorge Moll, acrescentando que a unidade é a primeira da linha Star, que será levada para outras capitais.
As próximas devem ser São Paulo e Brasília. O próprio fundador da rede diz que resolveu se antecipar a uma possível vinda do Sírio-Libanês ou do Einstein para o Rio. As obras começaram em 2013.
— Vamos criar um novo paradigma de hospital cinco estrelas, tanto em equipamentos quanto em fluxos — afirma Moll, que inaugurou a rede com o Copa D’Or.
Com 21 mil metros quadrados, o CopaStar conta com nove boxes na emergência e 155 suítes para internação, sendo 59 no Centro de Terapia Intensiva (CTI). Nesse setor, surge uma novidade curiosa, mas com explicação científica: por telas, os pacientes poderão acompanhar o mundo do lado de fora.
— Um dos problemas no CTI é que os pacientes ficam isolados, podendo desenvolver o que chamamos de síndrome do confinamento. Ele não sabe mais se é dia ou noite, fica desorientado. Mas haverá uma câmera para a rua, e as imagens aparecerão nessas telas, que funcionarão como janelas — explica Paulo Niemeyer.
IMAGENS DO MAR EM TEMPO REAL
Mas a direção do hospital adianta que os pacientes terão mais que o movimento da Figueiredo Magalhães: uma câmera no topo do edifício de oito andares (incluindo dois subsolos) irá transmitir em tempo real imagens do mar de Copacabana.
Todo o projeto foi pensando com a intenção de quebrar o gelo de um hospital. Nada de cheiro de éter ou corredores sem elementos decorativos. A arquitetura do edifício permite a entrada de luz natural, que irradia até mesmo nos leitos, e obras de arte são vistas por todos os lados — são 231 no total, todas de Yutaka Toyota, que trabalha com op arte (que usa ilusão de ótica) e arte cinética (que explora movimentos).
Já do lado de fora do prédio é vista a obra “Espaço infinito 2016”, que simboliza incontáveis possibilidades de superação. Fora a coleção de Toyota, um grande painel de mosaico do Coletivo Muda ocupa toda uma empena interna visível para parte dos leitos.
Acolhimento e humanização são duas palavras-chaves lá dentro.
— É uma unidade diferente das demais, com uma arquitetura pensada para ela, com tecnologia de equipamentos e pessoas, porque um hospital não é feito de máquinas — afirma o diretor médico, Paulo Tinoco Brito.
A equipe do hospital tem 550 profissionais, sendo 113 médicos. Toda a enfermagem passou dois meses no hospital recebendo “treinamento comportamental”, que vai de formas de abordagem a um paciente ao modo de se vestir e se maquiar. Essa capacitação contou com a participação de atores, que simulavam situações de crise e do cotidiano.
— Quando se está num hospital, você quer segurança, acolhimento e carinho — diz Patrícia Prata Rosa, gerente de hotelaria da unidade, que terá, claro, uma equipe de concierges sempre pronta para atender os pacientes.